Normalmente quando falamos que um determinado dispositivo digital trabalha a um determinado número de bits, significa que o canal de comunicação desse dispositivo transmite e recebe essa quantidade de bits por vez, só podendo comunicar-se com dispositivos que manipulem a mesma quantidade de bits.
A comunicação desses dois dispositivos, por sua vez, pode ser feita de duas maneiras: transmissão paralela ou transmissão em série.
Transmissão Paralela -Na transmissão paralela, todos os bits que o dispositivo transmissor é capaz de manipular são transmitidos simultaneamente ao receptor. A comunicação de todos os circuitos internos do PC é feita dessa maneira. os atuais processadores transmitem 64 bits por vez; dessa forma, o caminho entre o processador e a memória RAM é um caminho de 64 bits; citamos a comunicação do processador com a memória RAM apenas para exemplificar.
Como dissemos, todos os componentes internos do micro utilizam esse método de comunicação, tais como discos rígidos, placas de vídeo, placas de som, etc. O que pode variar é a quantidade de bits que são transmitidos por vez e a velocidade com que a transmissão é feita, isto é, com que freqüência os dados são enviados do transmissor ao receptor.
Transmissão em Série – A transmissão em série, também chamada transmissão serial (embora a palavra “serial” não exista em português), difere-se da transmissão paralela por transmitir apenas um bit por vez. Logo de cara, a grande diferença entre a transmissão em série e a paralela é a velocidade de transmissão: uma transmissão paralela de 64 bits será 64 vezes mais rápida do que uma em série, caso usem o mesmo clock. Só que, por usar apenas um único fio para transmitir suas informações, a transmissão em série sofre bem menos com os problemas de ruído e atenuação, fazendo com que seja o método de transmissão preferido para dispositivos localizados fora do micro, como teclados, mouses, redes de computadores, dispositivos USB, entre outros. Assim, a maioria dos dispositivos externos ao micro usa esse método de comunicação.
Nota: Note que a porta serial do micro é apenas uma das portas que oferecem esse tipo de comunicação a dispositivos externos ao micro. A comunicação em série é também utilizada em portas USB e Firewire, por exemplo, só que, por usarem um padrão próprio de comunicação, são incompatíveis com a porta serial do PC. Para que você entenda melhor essa questão, pense o seguinte: o teclado do micro utiliza uma comunicação em série com o micro, só que ele usa uma porta própria para ele, a princípio não sendo possível conectar um teclado diretamente à porta serial do micro.
A transmissão de dados entre o receptor e o transmissor é controlada por um sinal de controle chamado clock. Esse sinal é usado para sincronizar o transmissor com o receptor, isto é, para informar ao receptor que um dado está sendo transmitido.
Este sinal de sincronismo é medido em milhões de ciclos por segundo (MHz) e designa a freqüência de operação do processador. Cada processador é projetado para trabalhar até uma determinada freqüência de operação e não se pode excedê-la.
Os dados são transmitidos na subida do pulso de clock, isto é, quando o clock passa de zero para um. Somente um dado pode ser transmitido por pulso de clock (processadores como o Athlon e o Pentium 4 e memórias RAM do tipo DDR-SDRAM e Rambus permitem que mais de um dado seja transmitido por pulso de clock.
O clock a que nos referimos aqui é o sinal clock usado na transmissão dos dados e não o clock que normalmente as pessoas se referem quando estão falando de um computador ou processador (por exemplo, processador com clock de 800 MHz). Toda transmissão paralela utiliza um sistema de clock. A comunicação do disco rígido com a placa-mãe utiliza um sistema de clock, assim como a comunicação da placa de vídeo com a placa-mãe. Esses sistemas de clock, entretanto, são independentes, isto é, o sistema de clock usado na transmissão de dados entre o processador e a memória RAM não é o mesmo usado na transmissão de dados entre o disco rígido e a placa-mãe, por exemplo.
Apenas para deixar esse conceito ainda mais claro, é válido já explicar que o clock entre processadore e memória é o clock externo do processador (também conhecido como clock do barramento). Desde os processadores 486DX2, os processadores usados no PC utilizam um sistema de multiplicação de clock, onde o clock usado internamente pelo processador é diferente do clock usado em seu barramento local, isto é, usado na transmissão de dados entre o processador e a memória RAM. Por exemplo, um processador Pentium III de 700 MHz trabalha internamente a 700 MHz, porém externamente o seu clock é de 100 MHz.
Mesmo entre processadores iguais pode haver grandes diferenças de desempenho do micro, devido à utilização ou não de circuitos para aumento de desempenho e também da configuração correta do micro. Para a medida correta de desempenho, deveremos utilizar programas específicos, conhecidos como programas de benchmark.
Além do clock, a velocidade de transmissão paralela depende também da quantidade de bits que são transmitidos por vez. Uma transmissão onde sejam transferidos 64 bits por vez será mais rápida do que uma transmissão onde sejam transferidos 32 bits por vez
De forma que possamos comparar velocidades de transmissão de diferentes sistemas que usem diferentes quantidades de bits, a velocidade de transmissão paralela foi padronizada em bytes por segundo (B/s). Sempre que você vir qualquer dispositivo onde sua velocidade seja dada nessa unidade, significa que esse dispositivo utiliza transmissão paralela de dados. Por exemplo, discos rígidos ATA-100 têm uma taxa de transferência de 100 MB/s e unidades de CD-ROM 52x têm uma taxa de transferência máxima de 7.800. Como você pode ver, esses dois dispositivos transmitem dados na forma paralela, já que as suas taxas de transferência estão sendo dadas em bytes por segundo. A velocidade de transmissão paralela pode ser obtida através da fórmula (a divisão por oito é feita para que o resultado seja dado em bytes por segundo):
Taxa de transferência = clock (em Hz) x quantidade de bits ÷ 8
Assim, um processador que transfira dados a 64 bits por vez usando um clock de 100 MHz, terá uma taxa de transferência máxima teórica de 800 MB/s. É interessante notar que essa taxa de transferência também pode ser obtida em um sistema transferindo dados a 128 bits por vez com um clock de 50 MHz ou a 32 bits por vez com um clock de 200 MHz.
A taxa de transferência em comunicações em série é medida em bits por segundo (bps), já que nesse tipo de transmissão os dados são enviados bit a bit. Assim, quando você vir um dispositivo onde a sua taxa de transferência é expressa em bits por segundo, você sabe estar diante de um dispositivo que usa transmissão de dados em série, como modems (velocidade de 56 Kbps, por exemplo) e redes locais (velocidade de 100 Mbps, por exemplo).
Atenção: Cuidado, portanto, para não confundir bits por segundo, que indica a velocidade de transmissão em comunicações em série, com bytes por segundo, que indica a velocidade de transmissão em comunicações paralelas. Tome cuidado também para não confundir bits por segundo com baud, que é uma outra unidade de medida de transmissões em série.
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